Rodrigo Dunshee fala sobre disputa com a Caixa e comenta sobre o potencial construtivo

EMANUEL MARTINS: Assim como o novo vice-presidente de patrimônio, Marcos Bodin, o vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, esteve presente na Gávea, para conceder entrevista exclusiva para o ‘GE’, para responder perguntas que dizem respeito ao estádio do clube.

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Disputa com a Caixa

“A imissão de posse é super importante para que a gente possa entrar no terreno e começar a fazer os estudos, projetos… A Caixa Econômica Federal está sendo contraditória porque no Terminal Gentileza, que é o mesmo terreno, ela aceitou que o processo ficasse na Justiça Estadual, a União também, mas como nesse caso é o Flamengo… É uma ação simples, uma desapropriação de um terreno privado, que pertence a um fundo imobiliário que tem natureza de condomínio. Não tem porquê para esse alarde todo. Temos certeza que no final dessa história eles vão enxergar que estão sendo beneficiados com a desapropriação. Porque esse terreno estava abandonado, foi adquirido em 2013 e até hoje não foi feito nada ali. Fazendo um estádio, vai valorizar muito o entorno. E quem tiver Cepac (Certificado de Potencial Adicional de Construção) ali, vai ganhar muito dinheiro com isso. A gente tem certeza que não só a União, o presidente Lula, a Caixa, no final vai todo mundo entender”.

É verdade que vocês querem fazer a remissão do foro da Gávea para terem direito a 100% do potencial construtivo?

“Tem o foro de Marinha, o foro da família imperial, e tem um negócio chamado enfiteuse, que é o foro do Estado, que é raro. O Estado não é dono de muitas enfiteuses. Interessa ao Flamengo ter a propriedade plena da Gávea, mas isso não está vinculado à divisão do potencial construtivo. O potencial construtivo da Gávea é do Flamengo integralmente. Assim como o potencial construtivo do Gasômetro era do Fundo Imobiliário da Caixa. Não era da Marinha, não era da União. A União era dona daquele terreno antes da desapropriação. O Cepac é de quem? É do Fundo Imobiliário da Caixa. Não deram um centavo para União. Aqui vai ser a mesma coisa, domínio útil é do Flamengo, o direito de construir é do Flamengo, e o Cepac é meu, não vou abrir mão disso”.

Agora, interessa ao Flamengo acabar com essa história da enfiteuse. A gente vai conversar com o Estado para saber se eles têm interesse em fazer a remissão de foro. O Estado não tem interesse em manter isso, é uma coisa de 1930. E eles ainda querem receber um valor mensal do Flamengo. Estou querendo fazer a remissão, mas não está vinculado ao potencial construtivo. Interessa ao Flamengo ter a propriedade plena porque o clube só terá que cuidar de licenciamento com a prefeitura. Aqui onde está o restaurante Vamo tinha o posto Esso, e o governo disse que não poderia ter o posto ali. A gente prefere que o terreno seja todo nosso porque hoje eu preciso ter serviços acoplados ao interesse do sócio. O nosso interesse na remissão de foro é ter o direito de fazer no clube o que a gente quiser.

Será fácil a venda desse potencial construtivo?

“Os prefeitos inventaram uma moeda nova. Antigamente você tinha o gabarito do lugar. Nessa reforma que ele fez do plano diretor, ele deu uma abaixada no gabarito onde podia. Ele inventou uma moeda que é você poder subir além daquilo ali, do direito que você normalmente tem. Ali em Ipanema eles estão contratando prédios de quatro andares, pagando bem mais do que o apartamento do cara vale hoje, para fazer prédio de 25 a 30 andares. Estão fazendo ali atrás da Prudente de Morais, que não faz sombra na praia. O cara comprou potencial construtivo. Vai ter uma certa flexibilidade na cidade. A prefeitura vai deixar usar o potencial construtivo em alguns lugares que não tenham impacto muito grande. Eles vendem a verticalização em lugares que não vai existir nenhum impacto viário ou ambiental”.

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