Presidente do Flamengo sugere perda de mando a clubes em caso de racismo
Presidente Rodolfo Landim tirando selfie com torcedores do Flamengo – Foto: Gilvan de Souza
ESPN: Pedro Henrique Torre, Pedro Ivo Almeida e Vinicius Ribeiro
No mês passado, a CBF realizou o primeiro Seminário de Combate ao Racismo e Violência no Futebol. Durante o evento, o presidente Ednaldo Rodrigues levou uma proposta aos presentes: aplicar punições esportivas, como a perda de pontos na tabela para os times dos torcedores que apresentarem comportamentos racistas.
A intenção daquele que comanda o futebol brasileiro é punir em um ponto a cada manifestação racista vinda da arquibancada. E a proposta apresentada por Ednaldo dividiu opiniões entre os clubes. A ESPN conversou com exclusividade com Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, que deu sua opinião sobre o tema.
Questionado sobre o seminário promovido pela CBF e a proposta de punir no aspecto técnico os clubes, Landim foi direto ao ponto. Fez questão de parabenizar a CBF pela criação do seminário, afirmou que esteve presente no local durante todo o tempo para dar ainda mais peso à causa, exaltou a importância de abordar o tema, mas não apoiou uma eventual perda de pontos.
Segundo Landim, o assunto ultrapassa a esfera esportiva e, na sua visão, não seria uma boa misturar o aspecto técnico com o disciplinar. E foi direto: a perda de pontos não deveria ocorrer.
“Em primeiro lugar, eu quero parabenizar a CBF e o presidente pela iniciativa de colocar esse tema em discussão. Esse tema é tão importante e tão profundo para nós do Flamengo, que o Flamengo tinha um jogo contra o São Paulo, e eu fiz questão de ficar lá na CBF e assistir ao seminário inteiro. E não fui ao jogo por causa disso. Eu acho que era importante a presença do Flamengo para demonstrar o quão importante eu acho que é a gente se engajar nessa luta”, disse Landim, seguindo sobre o tema.
“Dito isto, o presidente Ednaldo lançou essa ideia. Estou falando aqui como presidente do Flamengo, não gosto de você misturar aspectos técnicos com problemas como esse, que são problemas extra-campo. Eu, particularmente, acho que perda de pontos é algo que não deveria ocorrer. Eu acho que tem várias maneiras de você punir as pessoas. Lá no seminário, com a presença do presidente do senado, Rodrigo Pacheco, acho que ele foi muito feliz na apresentação dele. Falou o seguinte: ‘Primeiro a gente precisa criar, de fato, um marco legal no país e que esse marco legal seja respeitado, para que de fato as coisas possam acontecer’”.
“Eu acho que você, vamos dizer assim, responsabilizar uma equipe por um ato de uma pessoa, de um torcedor, fazer com ela perca pontos, eu acho que é difícil. Até porque amanhã ou depois uma torcida pode pegar uma camisa de um jogador de outro time e se infiltrar na torcida adversária e fazer para que a outra equipe perca pontos, entendeu? Naturalmente, tenho um pouco de reação a esse aspecto especifico da perda de pontos, mas a discussão, vamos dizer assim, de como isso deve ser tratado, de discutir penalidades, que sejam penalidades financeiras, que sejam perdas de mando de campo, tudo isso, mas influir no resultado de dentro do campo, aí eu acho que é um pouco demais na minha percepção”, finalizou.
O discurso de Rodolfo Landim é contrário ao que pensa Ednaldo Rodrigues para um futuro próximo no futebol brasileiro, mas vai de acordo com o que boa parte dos clubes pensa sobre o caso. A reportagem apurou que apenas dois times não fizeram oposição à proposta de Ednaldo: Vasco e Bahia. Na visão do presidente da CBF, a punição técnica é a única solução para que casos de racismo evaporem dos estádios durante as competições que a entidade organiza.
“Acredito que somente com pena desportiva diretamente ao clube o racismo e o preconceito deixarão o futebol. Sou democrático e quero que essa pena seja discutida no tribunal. Vou propor para que o time perca ao menos um ponto na competição. Em campeonatos disputados, como o Brasileiro, isso pode decidir um título, uma vaga em competição e até um rebaixamento”, explicou Ednaldo.
Recentemente, os clubes brasileiros sofreram ofensas racistas no futebol sul-americano. Flamengo e Corinthians, por exemplo, foram os últimos que reclamaram dos insultos contra Universidad Católica e Boca Juniors, respectivamente, neste ano.
Em âmbito nacional, por exemplo, alguns casos chamaram bastante atenção nos últimos anos. Em 2014, o Grêmio foi eliminado da Copa do Brasil após uma torcedora ter chamado Aranha, então goleiro do Santos, de macaco. Na última Série B, o meia Celsinho, que defendia o Londrina, acusou um dirigente do Brusque de chamá-lo de macaco durante a partida entre as equipes.
Em primeira instância, o STJD multou e fez o Brusque perder três pontos na competição. No entanto, a perda de pontos foi revogada no Pleno do Tribunal. A punição ao dirigente, afastado por 360 dias, e a multa ao Brusque foram mantidas.
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ESPN: Pedro Henrique Torre, Pedro Ivo Almeida e Vinicius Ribeiro No mês passado, a CBF realizou o primeiro Seminário de Combate ao Racismo e Violência no Futebol. Durante o evento, o presidente Ednaldo Rodrigues levou uma proposta aos presentes: aplicar punições esportivas, como a perda de pontos na tabela para os times dos torcedores que
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