Galope Peregrino: Às margens do rio (#13rec)
Por Catedral de Luz
09/09/2022
(Foto: Reprodução)
Revisitamos mais um texto publicado pela parceria “PTD/ GALOPE PEREGRINO”, datado de 29/05/2013.
“ÀS MARGENS DO RIO” utiliza-se de uma analogia para lembrar-nos da vitória frente o Asa (Arapiraca), pela 2a rodada do Brasileiro Série B (3X0).
Vencer o adversário citado não foi difícil. Seguiu o óbvio. Na verdade, árdua foi a tarefa de absorver a narrativa da imprensa sobre a repetição de um resultado alcançado 10 anos antes (0X1, Copa do Brasil, fevereiro/ 2002).
Texto atualíssimo quando levado ao tempo presente, “ÁS MARGENS DO RIO” é a própria imagem da SEP versus a narrativa propagada pela imprensa, com a aquiescência da bipolaridade do torcedor alviverde – como se 2022 fosse o retrato do fracasso e comparada a outras temporadas menos afortunadas, como a aludida 2002 –.
Um time que percebe a campanha realizada até aqui (56 J, 39 V, 5 D e 16 E) tem o direito irrestrito ao respeito.
Claro que há o que melhorar – principalmente, fora das 4 linhas –, mas o ano ainda não se encerrou.
A julgar pelo entendimento de Abel Ferreira, técnico alviverde, os jogos que faltam serão iguais a “13 batalhas” e estamos à frente da concorrência. Cabe ao elenco manter a regularidade que mês a mês lhe pautou.
ÀS MARGENS DO RIO
Com destino à cidade mais próxima, Mestre e Discípulo caminhavam pela estrada.
A paisagem inspirava ensinamentos que o Mestre transmitia ao Discípulo, sempre que o destino permitia, durante o tempo ingrato das léguas tiranas.
Lá pelas tantas surgiu à frente da dupla, uma linda mulher e um rio a ser atravessado.
Travestido de cavalheirismo ímpar, o Mestre disse ao Discípulo: – Tomarei a mulher em meus braços e ajudarei a mesma a atravessar até a outra margem.
Surpreso, o Discípulo questionou: – Mestre, tu és puro! Por que contrariando tua história imaculada deslizas teus dedos no pecado existente neste corpo de mulher?
Impoluto, o Mestre, com dedo indicador entre os lábios pediu-lhe silêncio e tomando a linda mulher entre os braços fez a travessia.
Ao chegar à outra margem, o Mestre tornou a mulher em terra firme, recebendo dela um singelo agradecimento. Em seguida virou-se para a estrada e continuou em busca de seu destino, acompanhado da figura interrogativa do Discípulo.
Contudo, as perguntas prosseguiram: – Mestre, continuo não entendendo tua atitude. Manchaste tua carreira. Tu te tornaste um homem comum – disse o incrédulo Discípulo.
O Mestre parou e olhou fixamente nos olhos do Discípulo e falou com a calma que lhe era peculiar: – Jovem inquisidor, nós deixamos a linda mulher às margens do rio e seguimos estrada afora. Mesmo assim e a despeito da vida seguir seu rumo, tu continuas a carregar aquela figura feminina.
Moral da história: “É um erro carregar indefinidamente as marcas de um momento. O ontem deixou de ser. O hoje existe para construir. É fundamental a experiência adquirida. Siga em frente e avante”.
Torcedor, a imprensa clubística panfletou nosso possível fracasso, em Arapiraca, onde nosso adversário acreditou que retroagiria no tempo e voltaria a surpreender.
Dez anos mantém inúmeros caminhos – e nós testemunhamos isso –, mas eu não tenho conhecimento do mesmo raio cair duas vezes no mesmo lugar.
O raio caiu! Foi de encontro ao descontentamento de quem quer o mal de um centenário que oxalá vingará pungente.
O fantasma foi exorcizado e suas asas cortadas.
O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.
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