Flamengo chega a 104 mil sócio-torcedores, mas lida com problema de cambistas

Torcida do Flamengo – Foto: Reprodução

BLOG DO RODRIGO MATTOS: Rodrigo Mattos

As vendas de ingressos de jogos decisivos do Flamengo tornaram-se uma corrida em que boa parte dos sócios acabou sem lugar no estádio. O público em geral nem chegou perto dos bilhetes. Houve reclamação e irritação na internet e nos canais de comunicação do clube com a diretoria. Qual a explicação para os bilhetes escassearem até entre sócios e não chegarem ao público em geral?

Os protestos mais veementes de torcedores ocorreram nas semifinais da Copa do Brasil e da Libertadores. Até torcedores com planos nas categorias três (Ouro) e quatro (Prata) ficaram sem ingressos. Há discussões dentro da diretoria sobre a questão. Este post tenta explicar o que ocorreu.

Boom de sócios
O clube teve um boom de sócios-torcedores nos últimos dois meses devido à reformulação dos planos e da boa fase do time. Com as mudanças, dois planos (Platina e Ouro) passaram a ter direito a convidados, além do primeiro (Diamante).

Até junho, o Flamengo tinha 45 mil sócios titulares, com o total de cerca de 65 mil incluídos os convidados. O número divulgado era de pouco mais de 60 mil – depois, o clube parou de anunciar. Após o boom, a agremiação passou a ter 65 mil sócios titulares, e um total de 104.500 com convidados.

Concentração de Sócios na maior categoria
Houve uma especial explosão na categoria principal, Diamante. De 3 mil sócios, o primeiro plano foi para 8 mil pessoas, com média de 2,5 convidados. Alguns sócios ainda compram nesta categoria como prêmio porque foram fiéis durante a pandemia. Mais, um outro grupo comprou pacotes de jogos em 2020 e só usufrui agora. No total, 40 mil pessoas têm prioridade para compra.

Isso explica os ingressos da Norte – setor mais procurado – sumirem com poucos minutos de venda.

Na categoria Platina, são 10 mil pessoas, entre titulares e convidados. E no plano Ouro são outros 26 mil sócios com convidados. Ou seja, só com esses três planos se atinge 76 mil lugares, muito acima da capacidade do Maracanã para jogos grandes. O máximo vendido é em torno de 60 mil. Na Libertadores, foram 53 mil bilhetes.

Assim, os planos Prata e Bronze ficam sem ingressos para jogos decisivos. No clube, entende-se que pelo menos esses sócios conseguirão comprar para outros jogos.

Cambistas
Há outras reclamações dos torcedores: os ingressos somem, mas os cambistas têm vários bilhetes nas mãos para vender na porta do estádio. É um fato: aumentou o número de cambistas.

No Flamengo, há a opinião de que provavelmente os cambistas são sócios-torcedores e compram quatro ingressos cada. Mas a atuação deles na venda de bilhetes é facilitada pelos ingressos de papel impostos pela Polícia Militar, alegando problemas de segurança.

A PM argumenta que só com ingresso de papel consegue conferir quem pode entrar no perímetro de cercas do jogo e, assim, impedir invasão ao estádio. O clube rubro-negro tentou rebater que isso dificulta a identificação do portador do ingresso, mas a PM quer expandir o papel. Já fez isso com o Fluminense, e pretende levar para o Vasco.

O Flamengo trabalha no desenvolvimento de um controle de acesso por meio de QRCode e NFTs para poder conferir se o comprador tem o mesmo CPF de quem está entrando no estádio. Isso seria fácil com cartão de sócio ou celular. Com ingresso de papel, é possível, mas mais difícil. Atualmente, a PM diz que conferência de documentos por atrapalhar o acesso.

Os cambistas têm agido na entrada do metrô de forma livre, sem repressão da polícia. A PM não quis botar barreiras em seu perímetro na rampa do metrô alegando que pode ter excesso de gente e comprometer a estrutura.

Debate sobre distribuição de ingresso
Dentro da diretoria, houve discussões sobre plano de sócios quanto de venda de ingressos, inclusive com ideia de reservar bilhetes para o público em geral. Só que os novos planos acabaram de ser implantados e foram um sucesso de adesão. A venda de bilhetes para o público em geral poderia matar a prioridade dos últimos planos de sócios-torcedores que ficariam sem direito nenhum.

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