Faltou ao misto do Flamengo ser um Palmeiras como visitante
Everton Cebolinha em Palmeiras x Flamengo – Foto: Gilvan de Souza
BLOG DO ANDRÉ ROCHA: Pela vontade de Dorival Júnior, o Flamengo teria entrado com força máxima para tentar diminuir a vantagem do Palmeiras de nove pontos no Brasileiro, dentro do Allianz Parque.
Mas o treinador rubro-negro sabe, e muitos torcedores parecem ter esquecido, que boa parte desse elenco traz um prejuízo físico por conta do caótico 2021 em termos de preparação, prevenção e tratamento no Ninho do Urubu. E Paulo Sousa não ajudou, a partir do momento em que jogou para o alto o controle de cargas e minutos dos atletas, quando passou a trabalhar apenas para manter o emprego.
O medo de Dorival era de que os dois jogos decisivos em gramados artificiais provocassem lesões musculares que comprometessem a equipe não só contra o líder do campeonato, mas também na ida da semifinal da Copa do Brasil contra o São Paulo no Morumbi na quarta, dia 24, e até nesta reta final da temporada.
Por isso a escalação de sete reservas, mais Santos, João Gomes e os titulares que não atuaram na quarta contra o Athletico por suspensão: David Luiz e Thiago Maia. Formação competitiva e que poderia trazer uma vantagem como “efeito colateral”: transferir a responsabilidade de atacar e o protagonismo para a equipe de Abel Ferreira, que certamente se preparou para controlar o jogo negando espaços ao rival.
O Flamengo formava uma barreira de quatro homens dificultando a saída do oponente: Marinho, Victor Hugo, Lázaro e Everton Cebolinha à frente de Thiago Maia e João Gomes que protegiam a última linha, que contava com Matheuzinho, Pablo, David Luiz e Ayrton Lucas.
O Palmeiras circulava a bola e tentava rondar a área, com Gustavo Scarpa pela direita buscando inversões para Dudu ou tentando finalizações, como a que saiu na lateral, mas depois de bela jogada individual. Um chute desviado de Zé Rafael que passou perto, com Santos caído para o outro lado, foi a outra chance a destacar, apesar dos 67% de posse e oito finalizações, apenas uma no alvo.
Os visitantes concluíram cinco vezes, três no alvo em 45 minutos. Foi às redes na bela jogada individual de Ayrton Lucas para cima do hesitante Marcos Rocha, com cruzamento na cabeça de Victor Hugo. Logo depois, Pablo perdeu gol feito com a zaga alviverde e Weverton perdidos. Matheuzinho ainda chutaria para fora com duas opções melhores de passe.
Reação natural do Palmeiras na volta do intervalo, com Dudu invertendo com Scarpa e dando um baile em Ayrton Lucas nas primeiras ações. Pressão, Santos trabalhando. De repente uma transição rápida rubro-negra. Lázaro conseguiu ganhar uma disputa com o quase sempre intransponível Gustavo Gómez, saiu na cara de Weverton e era só rolar para Victor Hugo empurrar para as redes. Preferiu finalizar e perdeu.
Faltou ao Flamengo no Allianz ser um visitante como costuma ser o Palmeiras: resiliente, resistente às adversidades que a partida apresenta, principalmente com concentração defensiva redobrada para não ser vazado nos momentos de sofrimento. E preciso nas chances que aparecem. Não por acaso a invencibilidade fora dos domínios nos pontos corridos e no torneio continental.
Raphael Veiga empatou com um golaço que Santos não conseguiu alcançar. Mérito do meia que quase em todas as partidas marca contra o Flamengo, mas Thiago Maia vacilou afundando demais na própria área e deixando espaços para o ótimo chute. Punição também para Dorival, que demorou a substituir e viu o placar igualado justamente quando Everton Ribeiro e Pedro estavam praticamente prontos pra entrar em campo.
Ainda entraram Vidal, De Arrascaeta e Gabigol. O uruguaio teve a chance de desempatar novamente, após passe de peito de Pedro, porém a grande oportunidade não convertida da segunda etapa foi mesmo a de Rony, antes do empate, após lambança de Pablo em um recuo que quase terminou em novo “delivery” rubro-negro para o Palmeiras. Santos fez “milagre”.
Os números mostram 20 finalizações do Palmeiras, porém, apenas três no alvo. Contra cinco do Fla na direção da meta de Weverton, em um total de 11 conclusões. Disputa com domínio palmeirense, mas assim como faz o Alviverde em outros campos pelo Brasil, o time de Dorival poderia ter sido mais letal nas oportunidades cristalinas.
Falhou e viu o sonho de título brasileiro bem mais distante. Sobra a realidade das copas. Faltam 2 + 2 jogos na Copa do Brasil e 2 +1 na Libertadores, enquanto a ladeira do Brasileiro segue bem íngreme. O Flamengo não tem pernas para três frentes e parece ter feito sua escolha. Melhor para o Palmeiras. E agora o Fluminense.
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