Eduardo Paes demonstra empenho para viabilizar estádio do Flamengo: “O que for preciso”

Projeto de estádio – Foto: Reprodução

LANCE: Empenhado em tornar o “sonho do estádio próprio” em realidade, o Flamengo tem a Prefeitura do Rio de Janeiro como aliada. É o que o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ) garantiu em entrevista ao LANCE!, na qual explicou será o papel do município caso a ideia avance. Além das considerações sobre os locais avaliados pelo clube, Eduardo Paes avaliou a importância e benefícios do projeto para a cidade carioca.

– Agora vai? Os projetos de estádios do Flamengo que não vingaram

Hoje, o Flamengo tem o Gasômetro como local favorito, mas Deodoro e Parque Olímpico também são avaliados e estiveram em pauta na reunião do presidente Rodolfo Landim e o prefeito Eduardo Paes.

O terreno no Porto Maravilha, área central da cidade, hoje pertence à Caixa Econômica Federal, que, internamente, está estudando a viabilidade do projeto e os valores. O presidente Jair Bolsonaro (PL) também entrou no “circuito” – relembre a declaração clicando aqui.

– É óbvio que um projeto dessa magnitude precisa da autorização do município. Se o Papa for dono de um terreno no Rio de Janeiro e quiser fazer uma igreja, precisa ter autorização da Prefeitura. Mas isso já deixo claro que seria ótimo ter, ali (no Gasômetro), o projeto de estádio do Flamengo – afirmou o prefeito do Rio de Janeiro ao L!.

Confira, abaixo, a entrevista de Eduardo Paes (PSD) na íntegra ao L!:

L!: O senhor esteve reunido com o presidente Rodolfo Landim para tratar do projeto do estádio do Flamengo, que, hoje, tem o Gasômetro como o local melhor avaliado. Qual será o papel da Prefeitura caso esse projeto avance?
Só posso especular, mas é óbvio que um projeto dessa magnitude precisa da autorização do município. Se o Papa for dono de um terreno no Rio de Janeiro e quiser fazer uma igreja, precisa ter autorização da Prefeitura. Mas isso já deixo claro que seria ótimo ter, ali, o projeto de estádio do Flamengo. Toda aquela região, do Gasômetro até o Píer Mauá, faz parte do Porto Maravilha. O que permitiu todas aquelas obras, a derrubada da Perimetral, o túnel, o VLT, tudo o que tem ali, foi o potencial construtivo. Ou seja, o direito de construir. Onde tem mais direito de construir ali? Justamente no Gasômetro.

Então, provavelmente, para a coisa ficar de pé, para a Caixa, que é um banco público, o presidente está querendo ajudar, mas ele não é dono da Caixa. É um banco público que presta contas. Para a coisa ficar de pé, a Caixa vai pedir que a Prefeitura transfira esse potencial construtivo para outro terreno. E estamos prontos para fazer isso. Aqui quem está falando é um vascaíno, mas aqui é o prefeito que está aqui, não o Eduardo vascaíno.

O que for preciso para ajudar o Flamengo nós faremos. É importante para o Flamengo ter um estádio. Eu conversei muito com o presidente Landim. É óbvio que o Maracanã tem uma dimensão pública, é o que digo. Ele é mais do que só de um clube. Sempre será do Vasco, do Fluminense, do Botafogo, da Seleção Brasileira. O Flamengo ter o Maracanã sempre terá esse risco de como aconteceu o Vasco e Sport. É um juiz ir lá, entender que há uma dimensão pública e dizer: “Vai jogar, sim.”. É muito difícil organizar uma temporada, com a utilização de um estádio, para um time do porte do Flamengo sem ter seu estádio próprio.

Então é completamente compreensível. O Flamengo é um patrimônio do Rio de Janeiro. É um time com sua importância. Queria que o Vasco tivesse a importância do Flamengo, a quantidade de torcedores do Flamengo. O Vasco também tem muita importância para o Rio de Janeiro, mas o Flamengo é um patrimônio do Rio e temos que ajudar.

L!: A transferência desse potencial construtivo teria que ser para um terreno já pertencente à Caixa?
Não precisa ser terreno da Caixa, não. A Caixa, na verdade, é dona desse potencial construtivo, e a Prefeitura é quem diz onde pode ser utilizada. A Caixa pode vender, por exemplo, o potencial construtivo para um outro privado, em um terreno privado, em outro lugar.

L!: Para avançar, é preciso que a questão do terreno, que pertence à Caixa, seja definida antes das eleições?
É um pouco de provocação minha. Eu não sou candidato a nada. Então, para mim, não faz diferença nenhuma, mas é bom usar os momentos. Os políticos gostam de votos. Então é bom utilizar esse momento eleitoral e o comprometimento do presidente para fazer logo isso. É uma provocação minha para ajudar o Flamengo.

L!: E em relação à Caixa doar o terreno, e não o vender ao Flamengo?
É isso também. Em uma operação bem montada com a Caixa, a Prefeitura tem como fazer essa operação de transferir o potencial construtivo. Se queremos que o Flamengo tenha possibilidade de construir o estádio, de fato, precisamos facilitar a vida do Flamengo. Não cobrarei nada para transferir esse potencial construtivo. Poderia ser cobrado.

Acabamos de comprar uma parte do Gasômetro para fazer o Terminal Gentileza, que estamos fazendo. Por um pedacinho do Gasômetro, paguei R$ 50 milhões. Aquele terreno, na verdade, quem comprou foi a Prefeitura. Aquele terreno faz parte de um Fundo Imobiliário do Porto Maravilha. Foi comprado no meu outro governo. Agora tivemos que pagar R$ 50 milhões, mas eu acho que, para viabilizar o estádio do Flamengo, não podemos cobrar uma fortuna do Flamengo.

L!: Quais benefícios a cidade teria com um estádio naquela área?
Primeiro: um estádio, simplesmente um estádio, não é solução nem para aquela área e nem para o Flamengo. O Landim e a direção do Flamengo têm capacidade, do ponto de vista de sustentabilidade do estádio, para colocar um modelo com uma espécie de Shopping Center, lojas. Isso ajuda o Flamengo a viabilizar a manutenção do estádio. É pensar em uma coisa moderna, o que tem tudo a ver com aquela região. Nós queremos que o Centro da cidade se consolide como um grande centro de entretenimento e de comércio. Já há muitos empreendimentos imobiliários surgindo do outro lado da Francisco Bicalho. Entendemos que São Cristóvão é uma área da cidade que precisa se desenvolver desta maneira, com pessoas morando. E São Cristóvão já tem o melhor estádio do Brasil, que é São Januário.

L!: Além do Gasômetro, o Parque Olímpico da Barra e Deodoro também já foram observados pelo clube. Ainda são opções? Por que o senhor considera Deodoro como uma solução mais simples?
Eu digo que Deodoro é mais simples e vocês vão ver porque não vou ter que explicar tanto quanto o Gasômetro, que falei de potencial construtivo, transferência, Caixa para lá, Prefeitura para cá. Tem uma complexidade. Deodoro é uma área do Exército, do Governo Federal, que bastava um decreto presidencial doando a área. Está lá, na beira da Avenida Brasil, com a Transolímpica ali, com trem chegando, atenderia os flamenguistas da Zona Oeste. Tem flamenguista para caramba na Zona Oeste, aqui é um vascaíno que vai muito para lá e é provocado permanentemente pelos flamenguistas.

Então, eu acho que Deodoro é uma solução mais simples, mas tenho que respeitar as vontades do clube. O Parque Olímpico, onde fizemos as Olimpíadas, também vendemos potencial construtivo. Não gastamos um tostão com aqueles estádio do Parque Olímpico. É até bom para esclarecer o que aconteceu ali. As pessoas acham que gastamos dinheiro público ali. Não, foi tudo dinheiro privado. Aquilo pertence ao privado, não à Caixa, Seria muito mais difícil fazer essa operação, que eu acho possível no Gasômetro.

L!: Nas conversas com o presidente Landim, o senhor sentiu que o projeto de construção do estádio próprio – algo muito antigo no Flamengo – é um caminho sem volta?
Acho que tem que ser. Por isso falo da pressa, da urgência. Quero ouvir uma proposta e a Prefeitura está pronta para ajudar. Eu não tenho área para doar ao Flamengo. Para os Centros de Treinamento até fizemos isso com o Vasco, com o Fluminense, estamos discutindo com o Botafogo. E temos que resolver o estádio do Flamengo. O Flamengo é um patrimônio do Rio de Janeiro. E repito, aqui um vascaíno, é um patrimônio carioca, que dá uma dimensão internacional para o Rio de Janeiro, atrai atenção para o Rio de Janeiro, tem seu valor simbólico. Os clubes cariocas não são empresas privadas.

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