David Luiz fala sobre infância e dá detalhes do título da Champions com o Chelsea
EMANUEL MARTINS: Um dos líderes do elenco do Flamengo e zagueiro de muitos títulos, inclusive com a Seleção Brasileira, David Luiz abriu o seu coração para o site ‘The Players Tribune’ e contou sobre sua infância, além de ter dado detalhes do título da Liga dos Campeões com o Chelsea. Confira o que o defensor Rubro-Negro falou.
Você precisa saber:
David Luiz fala sobre infância e dá detalhes do título da Champions com o Chelsea
Zagueiro do Flamengo abre o coração ao site ‘The Players Tribune’ e revela que o futebol proporcionou momentos incríveis em sua carreira
David Luiz tem contrato com o Mais Querido até o final da temporada
David Luiz fala sobre infância e dá detalhes do título da Champions com o Chelsea
Confira parte da carta de David Luiz:
Infância, início no São Paulo e ida para o Vitória
“Bom, eu sou filho de dois professores brasileiros. E quem quiser me conhecer de verdade vai precisar entender o significado disso em nosso país. Os meus valores, meus princípios, meus sonhos, as minhas ideias, a maneira como eu enxergo a vida e procuro atuar nela, de forma positiva, tudo vem daí. Não tem um dia que eu não me sinta grato e honrado de ter vindo de onde eu vim e da formação que eu recebi.
A minha família morava de aluguel num apartamento pequenininho em Diadema, na Grande São Paulo, e meus pais trabalhavam das sete da manhã às onze da noite. Por isso, desde os sete anos eu sempre lavei minhas próprias roupas. Eu sei que roupa branca a gente deixa de molho antes de ligar a lavadora e que não pode exagerar no amaciante. Mas, pra desespero da minha mãe, eu sempre exagerava, porque eu queria que as minhas camisas suadas do futebol ficassem perfumadas. Aos 11, eu fui estudar no período noturno pra conseguir treinar no São Paulo. Era longe, viu? Três ônibus pra ir e três pra voltar.
Depois de alguns anos no São Paulo, um dia me mandaram embora dizendo que eu não ia crescer e por isso não vingaria como jogador. Fui pro América Mineiro, que na época tinha uma estrutura que deixava a desejar.
Não posso dizer que passei fome lá, mas cheguei a ficar três dias sem comer. No café da manhã, eram 40 pães para 150 meninos. No almoço, uma caneca de feijão batido. No jantar, outra. A gente rodava as matas perto do alojamento pra pegar abacate e completar a dieta. Aguentei três meses e fugi.
Voltei pra Diadema e um amigo que tinha ido pro Vitória me falou: “David, estão precisando de meia aqui”. Eu ainda era meia-esquerda e fui. Mas por meses só treinei entre os reservas e, no máximo, pegava banco. Nunca jogava. Eu queria jogar! Um dia os dois zagueiros titulares se machucaram e decidi arriscar. Pedi pra treinar na zaga. “Tá maluco, garoto?!”, perguntou meu treinador. Ele acabou deixando, porque não aguentava mais a minha insistência. Terminei a temporada como o melhor zagueiro do campeonato que estávamos disputando“.
Título da Liga dos Campeões com o Chelsea
“Meu processo pra conseguir jogar teve de tudo. Desde preparação mental pra aceitar a dor a ver horas e horas de vídeo do Mario Gómez, do Robben e do Ribéry, os atacantes do Bayern, pra entender como, nas condições físicas que eu estava, eu poderia pará-los. Depois, eu tinha que fazer o médico aceitar, o preparador físico aceitar, o treinador aceitar e o dono do clube aceitar. Vencer a Champions era a maior ambição do Chelsea. Era um título inédito pro clube, que, quatro anos antes, tinha perdido uma final pro Manchester United.
Na véspera da partida, a gente fez um treino leve e cada bola que eu chutava era uma facada na minha perna. Eu corria e sentia a lágrima descendo pela minha cara. Mas aguentando. No fim do treino, vou dar uma caminhadinha com o preparador físico e a gente conversa:
— Não vai dar, David. Você não tem condições. Com esse tipo de lesão você não deveria nem andar.
— Vai dar sim, pô! Tem que dar!
O Terry com cartão vermelho. Ivanovich suspenso. Eu lesionado. Nosso elenco era curto e só sobrava o Cahill de zagueiro. Então eu tinha que jogar. Por isso e por mais uma coisa, que falei pro preparador físico:
— Escuta, cara, existem uns 200 milhões de brasileiros no mundo. Amanhã, eu vou ser o único mais ou menos apto a disputar uma final de Champions League. Do nosso lado, o Ramires tá suspenso. Do lado deles, Luiz Gustavo. Rafinha estará no banco. Sou só eu pra representar meu país. Você não pode me tirar desse jogo. Você não faz ideia o que eu e minha família fizemos pra eu estar aqui. Então você vai lá e diz pro treinador que eu posso jogar. E pode dizer também que eu falei que a gente vai ser campeão.
E fomos.
O Bayern massacrou a gente o jogo inteiro, mas nós ganhamos nos pênaltis. Até eu bati um. Bati e marquei. Um dos maiores títulos e outro momento muito marcante na minha vida. A gente festejou a noite inteira em Munique, depois voltou pra Londres, festejou a tarde toda, desfile nas ruas e só à noite, quando tudo acabou, eu fui lembrar da dor. Olhei a parte de trás da coxa e tinha um hematoma horrível, enorme, na lesão. Era uma ruptura total do músculo. Foi assim que eu joguei.
O futebol me proporcionou diversos momentos grandiosos como aquela conquista de Champions com o Chelsea”.
Contrato com o Flamengo
David Luiz tem contrato com o Flamengo até o final desta temporada e vive expectativa por uma renovação de contrato.
Zagueiro do Flamengo abre o coração ao site ‘The Players Tribune’ e revela que o futebol proporcionou momentos incríveis em sua carreira