Adversário da Seleção, técnico de Camarões sofreu AVC e disse que foi salvo pelo cão
O Brasil fará na sexta-feira (2), às 16h (de Brasília), o último jogo na fase de grupos da Copa do Mundo. Já classificada para as oitavas de final, a Seleção enfrentará Camarões, que ainda sonha em seguir para a próxima fase e conta com um verdadeiro guerreiro no banco de reservas.
Rigobert Song Bahanag, técnico do time africano, é reconhecido como o melhor defensor da história dos Camarões. Ele disputou 137 jogos com os ‘Leões Indomáveis’ e participou de quatro Copas do Mundo (1994, 1998, 2002 e 2010). Além disso, ‘The Big Boss’, como foi apelidado, esteve à beira da morte em 2016 e ficou um mês em coma.
Quem o salvou foi, segundo Song recordou ao ‘L’Équipe’, seu próprio cachorro: “Estava assistindo TV, mas me sentia muito cansado. Deixei a porta destrancadas porque esperava uma visita. Se estivesse fechada, era o fim, porque minha família estava em Paris. Meu cachorro deve ter sentido alguma coisa e começou a latir sem parar. Então a pessoa que estava esperando veio e me viu caído no chão”, afirmou.
A cena, de acordo com o ex-jogador, foi dramática. “Tive sorte de cair de lado e ficar com a língua de fora. Não conseguia falar e minha pressão estava em 25. De repente, tudo explodiu na minha cabeça. Sangue começou a sair do meu nariz, mas, se eu estivesse de costas, o sangramento poderia ter invadido meu cérebro”, apontou.
Apesar do rápido atendimento, sua vida ainda corria perigo e ele foi ajudado pelo presidente de Camarões, que disse à família que cuidaria de tudo e o levou de avião para Paris.
Song, no entanto, permaneceu inconsciente: “Quando acordei do coma um mês depois, não entendi o que estava acontecendo. Fiz uma cirurgia e coloquei aparelho em todos os lugares. Foi muito estranho. Passei a mão na cabeça e e nem sabia se era eu. Foi como um sonho. Eu me reencontrei com meus ancestrais. Meu pai morreu quando eu tinha 9 anos, mas eu o reconheci. Ele me disse: ‘O que você está fazendo aqui? Você tem que voltar’. Após ouvi-lo, comecei a lutar. Eu tinha uma força incrível e comecei a gritar: Solte-me, solte-me!”, contou.
Plenamente recuperado, Song sabe que está vivo por milagre. “Toda vez que vou ao médico, ele me diz: ‘De 40 casos como o seu, 30 morreram e 10 ficaram com sequelas. Você, por outro lado, é excepcional”, completou.
O ex-zagueiro, que está em sua quinta Copa do Mundo, jogou em sua carreira pelo Metz (França), Salernitana (Itália), Liverpool e West Ham (Inglaterra) e Colônia (Alemanha).
Song ficou em coma por um mês e garante que conversou com o pai morto