Com games, astros do futebol misturam hobby e investimento
De acordo com a Newzoo, consultoria especializada em games, estimou-se que a audiência nos esports chegasse a 532 milhões de pessoas – entre entusiastas e fãs ocasionais – além de se gerar cerca de 1.4 bilhão em receitas até o fim do ano passado, um aumento de aproximadamente 21% em relação a 2021. No âmbito nacional, mais de 63% dos gamers brasileiros acompanham ou assistem esportes eletrônicos, segundo a Pesquisa Games Brasil 2022.
O lado competitivo dos jogos eletrônicos passou a ser explorado por nomes conhecidos do futebol mundial. Ronaldinho Gaúcho criou, em 2019, a equipe R10 Team, com foco exclusivo na franquia FIFA e, mais recentemente, investiu na Magic Squad, que joga torneios do game Free Fire e Rainbow Six Siege. Outro ex-atleta profissional, o atacante argentino Sergio Agüero fundou a KRÜ Esports, inicialmente para atuar apenas no game de futebol, mas expandiu para outras modalidades, casos de VALORANT e Rocket League.
Além deles, outros atletas brasileiros mantiveram a tendência e se firmaram nos esportes eletrônicos. O atacante João Pedro, ex-Fluminense e atualmente no Watford, e o zagueiro Kaique Rocha, ex-Internacional, fundaram em 2020 a Team Vikings, equipe de esports presente no VALORANT.
“Os jogadores de hoje já são nativos do universo gamer. Muitos deles têm essa visão para investimentos, mas não buscam somente o resultado financeiro, e sim também algo que faça sentido e que esteja alinhado aos seus gostos e preferências. Como consequência disso, o atleta passa a se conectar de forma autêntica com uma camada de fãs que não necessariamente curte futebol, mas que tem alto poder de consumo dentro do mundo dos games”, afirma Armênio Neto, especialista em novos negócios no esporte.
Outro fator ligado a esta mobilização é a paixão pelos jogos eletrônicos. O goleiro De Gea, do Manchester United, está na parcela de atletas aficionados pelos games, principalmente, no caso do espanhol, pelo Rainbow Six Siege. A admiração pelo jogo de tiro da Ubisoft levou o arqueiro a criar a Rebels Gaming, organização presente em diversas modalidades, incluindo passagem pelo R6.
“A parceria com Gaules representa um passo fundamental para tornar ainda mais forte a comunidade de Rainbow Six Siege. Ter o principal streamer do país transmitindo as partidas das equipes brasileiras, além dos conteúdos criados pela Tribo, é uma forma de aproximar novos jogadores com o público veterano do R6. Com toda a experiência do Gaules em NBA, Fórmula 1, além de outros esportes eletrônicos, esperamos que novas oportunidades surjam de diversos mercados”, afirma Leandro “Montoya” Estevam, Associate Director Esports LATAM da Ubisoft.
Criptoativos também chamam a atenção dos jogadores profissionais
Além do interesse pelos jogos eletrônicos, personagens do futebol brasileiro encontraram oportunidades de vender a própria imagem por meio dos NFTs. A adesão aos tokens no Brasil é confirmada pelos números, conforme indicam os dados da consultoria alemã Statista. O país é o segundo maior no ranking global de usuários de NFTs, cerca de 5 milhões de pessoas têm ao menos um ativo, atrás apenas da Tailândia e à frente das maiores economias mundiais, como Estados Unidos e China.
Entre os exemplos recentes estão as coleções inéditas do atacante Richarlison, da Seleção Brasileira e hoje no Tottenham, e de Reinaldo, ex-jogador e ídolo do Atlético-MG. Os cards especiais foram produzidos pela IDG (International Digital Group), que enxerga nos NFTs uma possibilidade de estreitar relações entre ídolos do esporte e consumidores dos criptoativos.
“Os NFTs podem aproximar os fãs dos seus ídolos ao oferecer experiências que transcendem as oportunidades que existiam antes, uma gama de opções. O bem digital em si é algo que, no futuro, poderá ser não apenas vendido, mas também trocado e compartilhado. A carreira do jogador pode encerrar, mas os NFTs viverão para sempre e os atletas vão capitalizar com vendas primárias e secundárias dos ativos digitais”, comenta Sylmara Multini, CEO da IDG.
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