Em dois jogos, Flamengo acumulou 46 finalizações contra o Athletico-PR

Pedro comemorando gol em Flamengo x Athletico-PR – Foto: Marcelo Cortes

O GLOBO: Por João Pedro Fonseca

Foi comum encontrar quem elogiasse Felipão por ter saído do Maracanã com um 0 a 0 no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Eram os adjetivos de sempre em referência a um treinador que, com muitos méritos, construiu uma carreira vitoriosa baseada em times sólidos na defesa e oportunistas nos contra-ataques. Naturalmente, essas palavras não se repetiram neste domingo, quando o Athletico foi goleado pelo Flamengo por 5 a 0 pelo Brasileirão. Mas os roteiros dos dois confrontos têm mais coisas em comum do que o abismo entre os placares sugere.

Na soma dos duelos, os paranaenses permitiram 46 finalizações ao time carioca, segundo estatísticas do site FootStats (foram exatamente 23 em cada um deles, sendo oito certas e 15 erradas no primeiro, 14 certas e nove erradas no segundo). O Athletico concluiu quatro vezes pela Copa do Brasil (nenhuma certa) e cinco pelo Brasileiro (três corretas).



Ora, quando um time se pretende reativo, entende-se ter sido bem sucedido se foi capaz de neutralizar as articulações do oponente, impedindo suas finalizações ou forçando-as a acontecer menos vezes e em condições adversas ao arremate. Não parece ser o caso de uma equipe que concede 46 chances em 180 minutos mais acréscimos — uma a cada quatro minutos. O que sugere que a diferença entre o 0 a 0 da copa e o 5 a 0 da liga tem mais a ver com circunstâncias que com intenções.

Na verdade, nenhum dos dois placares representa com fidelidade o que se viu em campo. O Flamengo sem dúvida produziu o suficiente para ter vencido na Copa do Brasil, e o Athletico não foi tão vulnerável no domingo a ponto de merecer cinco gols em um tempo de jogo. O fato de quatro deles terem saído em cobranças de escanteio, algo raro no futebol de alto nível, corrobora a sensação de fatalidade.

Esse diagnóstico não indica, é claro, uma condenação. Felipão tem repertório para fazer seu time entregar mais, como mostram as campanhas bem-sucedias até aqui em três frentes: Libertadores, Copa do Brasil e Série A. Mas, se não quiser ficar refém das circunstâncias outra vez, precisará impedir o Flamengo de chegar com tanta frequência para arrematar. Ajustar a bola aérea defensiva parece ser um bom começo.

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