RE-PERCUSSÃO: A crise dos treinadores brasileiros

Por Roberto Galluzzi Jr.
24/05/2024

(Foto: Divulgação)

Que os treinadores brasileiros pararam no tempo e não se qualificaram para o futebol moderno, todos sabem. Mas há algo por trás disso. Ou mais que algo….

Primeiro: o Brasil EMBURRECEU. O debate político-ideológico, a polarização, a mídia cretinizante (que também alimenta o intelecto), somados a já tradicional antipatia do brasileiro a essa coisa esquisita e esnobe chamada educação nos fizeram antas funcionais.

Pode cair de cacetada em cima. Eu me incluo nessa cultura que tanto amo, mas que também tanto lamento pelo retrocesso. E olha que tivemos muitos avanços em direitos individuais.

Repetindo… desde os Orleans e Bragança, o brasileiro nunca foi muito afeito à educação e cultura. Inteligência e intelectualidade então, parecem puro esnobismo. Se isso vai mudar, não sei. Mas a condição atual é de penúria completa e irrestrita.

Então a primeira condição é essa: treinador tem que ser inteligente, planejar, olhar além do convencional e sair da caixa… algo bem difícil de vermos por essas bandas. O brasileiro emburreceu e o treinador se… pirulitou. Talento não nos falta… mas planejamento por aqui é piada.

A segunda condição tem a ver com a mídia e a opinião pública. O cargo de treinador se tornou uma malhação de Judas. A culpa é SEMPRE do treinador burro e teimoso. Perdeu 5 partidas, tá fora. Quem é que encara uma bucha dessas? Difícil…

Já falei e não me cansarei de repetir: a opinião pública entende o futebol de forma torta e míope, haja vista a informação que lhe chega. O futebol, o esporte e tudo quanto é pauta editorial (mas a pauta esportiva é 90% emoção) transformam a realidade num PRODUTO. E essa transformação salienta aspectos e ignora outros, distorcendo a compreensão.

Contextualizar é relativizar…. e ninguém quer relativizar, porque nosso passatempo preferido é fofocar, execrar e jogar na fogueira. Isso, somos nós. Só pra finalizar, fica aquele aforismo sem juízo (saudades de um Millor…): do que serve nossa cordialidade emotiva, se a mente anda perdida?

Teremos salvação? Talvez, mas acho difícil… ainda mais porque nos falta a própria capacidade (e humildade) pra reconhecer os problemas que nos assolam… porque o problema, é sempre o outro…

Nascido nos 70 e forjado nos difíceis anos 80, o Galluzzi enfrentou a fila inteira de 16 anos. Mas estava lá, em 12/06/93, in loco e muito loco pra assistir ao vivo o primeiro de muitos títulos, aos 21 anos! Talvez por isso, pra esse geração X raiz, roqueiro e paulistano da gema, não é qualquer derrota que abala a fé.

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