Mengão, com a mão na taça, faz final contra o Nova Iguaçu

O 38º título do Campeonato Carioca do Flamengo está muito perto de acontecer. Ao vencer o Nova Iguaçu por 3 a 0 na partida de ida da decisão, o Rubro-Negro colocou nove dedos no troféu de campeão. Neste domingo, às 17 horas, as equipes vão se enfrentar novamente no Maracanã, e o Mais Querido pode perder por até dois gols de diferença que, mesmo assim, confirmará a conquista da taça. Para levar para os pênaltis, o time da Baixada Fluminense precisa de três de vantagem. Uma tarefa quase impossível, já que a defesa da equipe do técnico Tite só foi vazada uma vez nos 14 jogos que disputou no Cariocão.
Falando em 14, esse é o número de vezes que Flamengo e Nova Iguaçu se enfrentaram em toda a história. Todos os jogos válidos pelo Carioca. O retrospecto é muito favorável ao time da Gávea, que domina o confronto com 11 vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Você vai saber mais desse resultado positivo do Laranjão nesta edição do Contra-Ataque O Dia.
Voltando à decisão, a equipe do treinador Carlos Vitor, sensação do futebol brasileiro neste início de temporada, foi a única capaz de vencer a defesa flamenguista no Campeonato Carioca, ainda na primeira fase.
Yago Ferreira e Bill são os principais jogadores do time, além do atacante Carlinhos, vice-artilheiro do Carioca, com oito gols, e que já foi negociado com o Flamengo. O Nova Iguaçu sonha em conquistar a competição pela primeira vez.
Do lado do Fla, Pedro anotou dois no enfrentamento de ida – o outro tento foi contra -, e assumiu o topo da artilharia do campeonato, com 11 gols. Com uma defesa sólida, um meio de campo combativo e criativo e um ataque fulminante, o Mengão se prepara para gritar “É campeão!” mais uma vez.

Fábio Barcellos, do Canal Flamília da NaçãoArquivo pessoal
Fábio Barcellos, do Canal Flamília da Nação
Um recorde que dura mais de 100 anos está prestes a ser quebrado. Em 1911, o Fluminense fez história e terminou o Carioca com o título. Em seis jogos disputados, o time sofreu apenas um gol, terminando com uma média de 0,17 gol sofrido por partida.
O Flamengo tem a chance de terminar o Estadual de 2024 com a melhor defesa da história da competição e quebrar um recorde que dura 113 anos. Com um gol sofrido em 14 jogos, o Rubro-Negro tem números superiores ao do Flu de 1911. Atualmente, o Fla tem a incrível média de 0,08 gol sofrido por partida.
Dos 14 jogos disputados até aqui, a defesa de Tite só foi vazada no empate de 1 a 1 contra o Nova Iguaçu, na segunda rodada. Vale destacar que o time era alternativo, majoritariamente de atletas da base e comandado por Mário Jorge, técnico do sub-20. Para fazer história, a equipe da Gávea não poderá sofrer mais do que dois gols hoje.
O Mengão, que tem o maior número de títulos da competição (37), sendo considerado o Rei do Rio, também terá a oportunidade de ultrapassar, pela primeira vez, outro rival em número de títulos invictos.
Flamengo (1915, 1920, 1979-1, 1996, 2011 e 2017) e Vasco (1924, 1945, 1947, 1949, 1992 e 2016) já foram campeões seis vezes cada sem perder um jogo sequer. É dia de ver a história ser escrita diante de seus olhos e, daqui a alguns anos, poder contar para seus filhos e netos o seguinte: EU ESTAVA NESSE JOGO! Uns dirão: É apenas mais um título! Eu digo: Será um título com grandes recordes a serem batidos! Não podemos esquecer que aqui é: VENCER, VENCER, VENCER!

ZinhoReprodução
Cria da Gávea, Zinho também fez história no Nova Iguaçu
Há 18 anos o Nova Iguaçu passava por um dos momentos mais marcantes de sua história. Estreante na elite do futebol do Rio de Janeiro, o time da Baixada Fluminense encarou o Flamengo no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, na primeira rodada da Taça Guanabara de 2006. O resultado: 1 a 0. O gol de Deni deu os três pontos para o Laranjão e também a única vitória do clube sobre o Mais Querido.
À época, a equipe do técnico Toninho Barroso contava com um meio-campista multicampeão por clubes e tetracampeão do mundo com a Seleção Brasileira. Já no final da carreira, Zinho era a estrela da companhia. Ele ajudou o time a conquistar a Série B do Carioca no ano anterior.
“Pra gente era uma alegria muito grande por ser o primeiro jogo na primeira divisão. E foi contra o Flamengo. Ainda mais especial pra mim porque é o time do meu coração, onde me formei, mas ao mesmo tempo estava jogando pelo Nova Iguaçu, clube que eu ajudei a fundar. Foi um jogo especial”, conta o ex-meio-campista. Que fala sobre o sentimento após a vitória.
“Eu, particularmente, pela identificação com o Flamengo, não fiquei tão eufórico quanto um garoto que está começando. Claro que fiquei muito contente vendo a felicidade dos nossos jogadores, muitos buscando seus espaços no futebol. Como clube, teve uma enorme repercussão positiva por ser contra o Flamengo”.
Revelado pelo Rubro-Negro nos anos 80 e com mais de 400 jogos, em duas passagens, vestindo vermelho e preto, depois de rodar por outras grandes equipes, o meia foi jogar no time de sua cidade natal. Inclusive, antes de colocar a camisa laranja em 2005, havia investido no clube, sendo um dos sócios-fundadores, na década de 1990.
Avaliação da campanha
O Laranjão da Baixada se credenciou para as finais do Estadual depois de fazer uma Taça Guanabara surpreendente. A equipe terminou na segunda posição, desbancando Vasco, Fluminense e Botafogo. Das 11 partidas disputadas, foram sete vitórias, três empates e apenas uma derrota. Hoje comentarista dos canais ESPN, Zinho fala sobre a participação do Nova Iguaçu na competição.
“Hoje é um time consolidado, estruturado, organizado, que, ao longo desse período, revelou vários jogadores, tem um nome marcado no cenário, é bem administrado pelo Jânio Moraes e os outros sócios. Estou muito orgulhoso, mas, ao mesmo tempo, consciente de que foi um trabalho feito lá atrás, com muita gente participando. Toda essa galera que está ali no dia a dia. Os jogadores, comissão técnica, o trabalho do Carlos Vitor é maravilhoso. O treinador está no clube desde sempre. Foi nosso atleta e se lapidou como profissional lá. Agora está colhendo os frutos”, inicia.
“É um momento especial porque fez um campeonato espetacular e merecidamente está na final. Claro, agora pega o Flamengo, e a diferença técnica e financeira é enorme. É muito difícil vencer o Flamengo, que conquistou uma vantagem enorme na ida. Mas é sair de cabeça erguida e fazer um bom jogo. O Nova Iguaçu estar na final é um grande título. É um fato histórico e marcante”, completa Zinho, que lembra que o time da Baixada completou 34 anos no último 1º de abril.

FlamengoDivulgação
Campeão pelo Flamengo
São inúmeros os títulos conquistados pelo ex-meia com a camisa do Mengão. Tem dois Campeonatos Brasileiros, Copa do Brasil, diversos torneios pelo mundo e, claro, o Carioca. Zinho venceu três edições do Estadual: 1986, quando tinha 19 anos e recém tinha se tornado atleta profissional, 1991, em um período mais maduro, e 2004, já experiente, no final da carreira. Momentos bem diferentes em sua trajetória.
“É espetacular ser campeão pelo Flamengo. São títulos marcantes, importantíssimos. Essas conquistas me colocaram no cenário, me projetaram para o futebol. Ganhar no Flamengo é incrível. Tem a maior torcida do Brasil, então a repercussão é maior, a cobrança é maior, mas o reconhecimento também. É um privilégio, honra, orgulho ter vestido essa camisa”.
Na primeira conquista do Estadual, Zinho atuou ao lado de grandes ídolos como Zico, Leandro, Adílio, Andrade, Jorginho, Aldair e Bebeto. “Foi um aprendizado. Eu ia ao Maracanã torcer pelos caras. Quando eu subi para o profissional, o professor Sebastião Lazaroni me deu a oportunidade e eu estreei entrando no lugar do Adílio. Jogar ao lado deles, ser campeão e me tornar amigo dos caras que eram meus ídolos não tem preço”.
O principal companheiro de 1991 era nada menos do que o Maestro Júnior. No último título, Zinho contou com a ajuda de Júlio César, Fabiano Eller, Ibson, Jean e cia. “Em 2004, foi no encerramento da minha carreira. Eu voltei, fui campeão em cima do Vasco, e eu era um dos líderes, mais experiente. Era outro momento. Eu era a referência como os meus ídolos foram para mim. Foi uma sensação diferente, mas tão importante quanto as outras”.
Andrezinho agora atua fora dos campos
Além de Zinho, existe um outro ex-meio-campista com uma ligação muito forte com o Nova Iguaçu. Revelado na Gávea no início dos anos 2000, Andrezinho é o atual coordenador de futebol do time da Baixada.
No passado, quando vestia a camisa do Rubro-Negro, ele conquistou o Campeonato Carioca e a Copa dos Campeões, ambos em 2001, além da Taça Guanabara de 2004. Pouco tempo depois se transferiu para o Pohang Steelers, da Coreia do Sul, e não disputou a final do Cariocão contra o Vasco. Uma partida histórica.
É, torcedor. Há exatos 20 anos o atacante Jean marcava três gols e o Rubro-Negro fazia 3 a 1 no segundo jogo da decisão do Estadual. O primeiro já havia sido vencido pelo Fla por 2 a 1.
O tempo passou. Já perto de encerrar a carreira, depois de rodar por outros times do Rio (Botafogo e Vasco), do Brasil (Internacional e Goiás) e do exterior (além do futebol sul-coreano, ele atuou no Tianjin Teda, da China), Andrezinho acertou sua ida para o Nova Iguaçu, onde disputou poucas partidas no final de 2018. Após a aposentadoria, ele assumiu a função de coordenador de futebol da equipe.
Recentemente, em entrevista ao Charla Podcast, Andrezinho reconheceu a dificuldade de enfrentar o Flamengo, mas também elogiou a participação de seu time no Carioca.
“Para mim, (o Flamengo) é o melhor elenco da América do Sul, um treinador que dispensa comentários, uma comissão que eu já tive o prazer de trabalhar. E o Novo Iguaçu vem quebrando barreiras. A personalidade está sendo uma surpresa muito grata”, comentou. O elenco do Nova Iguaçu deve ser desmontado após o fim do Carioca. Além de Carlinho, acertado com o Flamengo, o goleiro Fabrício está encaminhado para o Internacional de Porto Alegre.
Na estreia de Ronaldinho, o brilho foi de Wanderley
A data era 2 de fevereiro de 2011. O craque Ronaldinho Gaúcho estreava pelo Flamengo contra o Nova Iguaçu, no Engenhão, pela quinta rodada da Taça Guanabara. A expectativa sobre o novo camisa 10 era imensa. No entanto, quem roubou a noite e fez a festa foi o atacante Wanderley, autor do gol da vitória flamenguista por 1 a 0.
Ao entrar em campo aos 13 minutos do segundo tempo e balançar as redes aos 40, Wanderley ajudou a equipe a manter os 100% de aproveitamento. Na Taça Guanabara foram sete jogos e sete vitórias. Na semifinal, o Fla empatou com o Botafogo por 1 a 1 no tempo normal e venceu nos pênaltis por 3 a 1. A final do turno foi contra o Boavista, e o “Bruxo” anotou um golaço de falta para garantir o título no triunfo por 1 a 0.
Já na Taça Rio, a campanha foi de oito jogos, com quatro vitórias e quatro empates. O adversário da semifinal foi o Fluminense. O duelo terminou em 1 a 1, e o Rubro-Negro avançou à final nas penalidades: 5 a 4. A decisão foi contra o Vasco. Após ficar no empate sem gols nos 90 minutos, mais uma vez a disputa foi para os pênaltis. E, de novo, melhor para o Mengão, que venceu por 3 a 1, conquistando a Taça Rio e também o Campeonato Carioca.
O Flamengo daquele jogo tinha Felipe; Léo Moura, Welinton, David Braz e Renato; Maldonado (Egídio), Willians, Vander (Bottinelli), Thiago Neves e Ronaldinho; Deivid (Wanderley). Vanderlei Luxemburgo era o treinador.
Fora dos gramados
Hoje, aos 35 anos, o Wanderley, que se destacou no Rubro-Negro pela raça, disposição e oportunismo, é auxiliar técnico do Atlético Clube Paranavaí, do Paraná. A equipe vai iniciar a segunda divisão do Estadual no dia 5 de maio, contra o Rio Branco. Recentemente, o cantor Gusttavo Lima se tornou sócio majoritário da SAF do time paranaense.

Fla tem três gols de vantagem na decisão do Cariocão 2024. Bola rola às 17 horas

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