Em entrevista para o jornal ‘O Globo’, reforço do Flamengo fala sobre volta por cima no Nova Iguaçu: “Um alívio”
EMANUEL MARTINS: O Flamengo fechou a contratação do centroavante Carlinhos, que disputou o Campeonato Carioca pelo Nova Iguaçu e marcou até o momento oito gols pelo time da baixada fluminense. O atleta de 27 anos vai se apresentar ao Mais Querido, após a disputa do Estadual, tendo em vista que o jogador está prestes a atuar a final contra o time do técnico Tite.
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Em entrevista para o jornal ‘O Globo’, reforço do Flamengo fala sobre volta por cima no Nova Iguaçu: “Um alívio”
Recentemente, Carlinhos, que marcou oito gols no Campeonato Carioca, junto com Pedro do Flamengo, concedeu entrevista forte para o jornal ‘O Globo’ e falou sobre a sua carreira no futebol, além disso, o atacante celebrou fase no Nova Iguaçu, que o fez ter “prazer de retomar minha carreira”.
Confira a entrevista de Carlinhos ao jornal ‘O Globo’
Cada gol neste Campeonato Carioca significou o prazer de retomar minha carreira. Um alívio. Eu passei por muitas humilhações. Pessoas falavam na minha cara: ‘Você vai ser uma eterna promessa, não vai chegar mais’. Esses gols simbolizam a persistência.
Época de Corinthians
“No Corinthians eu me perdi um pouco. Subi muito jovem, na esperança de ser um fenômeno e receber propostas. Fui na onda. Mas subi para o profissional tendo que fazer duas cirurgias. Começaram a bater as frustrações, a imprensa e a torcida criticando, e eu não sabia lidar. Nasci em Jaú-SP e estava sozinho em São Paulo, não tinha ninguém para desabafar. Eu peguei uma depressão feia. Agora estou voltando a ser feliz. Eu chorava à toa no campo, só queria ficar deitado, não tinha vontade de nada, não conseguia dormir à noite”.
“A gente não cresce com maturidade. Vamos ser sinceros, a gente que é de periferia é criado pelo sistema. O que é o sistema? O sistema é ‘Carlinhos vai ganhar dinheiro, fazer bagunça, filho, e depois morrer de cirrose’. Se você não tiver uma blindagem emocional, vai de ralo. Eu precisava recomeçar. Saí do Corinthians e dei aquelas rodadas pelos clubes, para pegar bagagem”.
Drama familiar
Em 2021, eu estava no Audax e meu pai me ligou, falando que minha mãe estava tendo uns desmaios. Ela tinha caído e batido o rosto. Aí meu pai falou que ela estava com um tumor do tamanho de um limão no crânio. Eu desabei. Foi a primeira vez que chorei um choro da alma. Depois da cirurgia, minha mãe só respondia apertando meu dedo. Eu decidi parar de jogar. Parei por um ano. Sei que o futebol passa rápido, mas decidi cuidar dela, porque mãe é uma só, o amor ao futebol não é superior à família. Hoje, minha mãe está melhor, falando, comendo, mas está cega. A operação tem 3 anos. São as pessoas que se importam com você de verdade, o resto é conversa.
Boa fase no Camboriú e chance no Nova Iguaçu
“Voltei a jogar no ano passado e foi muito difícil, porque jogador não pode parar nem por dois dias. Fui para o Camboriú (SC) e joguei muito bem. O Nova Iguaçu me ligou e eu vim. Aqui, me trataram como ser humano. Todo dia me chamaram para conversar, perguntando como estava minha mãe. Eu trabalho mais feliz. Esse acolhimento está sendo importante”.
Leitura
“Além da Bíblia, eu gosto de ler bastante sobre desenvolvimento pessoal. Nós, jogadores, crescemos com aquele complexo de que ‘jogador já nasceu burro, não sabe ler’. Não. Tem muito jogador inteligente”.
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